Por Otávio Albuquerque
O estádio Juvenal Lamartine foi fundado em 1928, no tradicional bairro do Tirol, em Natal. Seu nome foi dado em homenagem ao jornalista e antigo governador do estado, que foi o grande entusiasta da construção de uma praça esportiva na cidade.
Na década de vinte, o nosso futebol era incipiente, quando ainda era praticado na Praça André de Albuquerque. O Juvenal Lamartine surgira para alavancar o esporte local. Com a construção do primeiro estádio de Natal, o fim do amadorismo e o desenvolvimento dos clubes, seria apenas uma mera questão de tempo.
A vanguarda, as glórias e a tradição. Essas sempre foram as características do Juvenal Lamartine. Entretanto, os anos passaram e, trouxeram consigo, o grande algoz do velho estádio, o abandono.
A construção do estádio Machadão e o crescimento comercial do bairro do Tirol podem ser apontados como prováveis motivos da derrocada do JL. Contudo, o descaso e o desamparo, foram impostos ao estádio, e conseqüentemente, sua utilidade se tornou motivo de infindáveis contendas.
O tempo alterou a sua antiga e provinciana paisagem. Situado em uma região caracterizada pelo contraste, onde todas as classes sociais podem ser notadas pela vista do seu gramado. Realidades distintas, mas que compartilham do mesmo cenário.
Atualmente, o estádio recebe apenas jogos de categorias de base e do futebol feminino, pois não atende as exigências da FIFA, devido a sua falta de capacidade e estrutura.
No ano de 2003, uma equipe do Ministério Público visitou as dependências do estádio, e interditou as arquibancadas laterais, porque não apresentavam a mínima segurança para os torcedores.
Sobre a preservação do estádio, o administrador do campo, Laelson Sousa,afirma que: “o descaso do governo aqui é total. Você pode observar a terrível situação que se encontra as arquibancadas, onde o mato está nascendo em volta. O antigo camarote também foi condenado, por causa da deterioração da madeira, que pode ceder a qualquer momento. A ferrugem dos alambrados, a falta de iluminação, ou seja, não há nenhum tipo de cuidado por parte do governo, ou da federação de futebol, que teoricamente deveriam ser os responsáveis por esse patrimônio histórico", disse Sousa.
Surgiu na imprensa, no final do ano passado, a possibilidade da venda do estádio, por um valor estimado em 30 milhões de reais. Duas propostas foram sugeridas com o valor adquirido pela venda desse equipamento público: proposta do governo – construção de um novo estádio, que seria erguido na Zona Norte, e a construção de um hospital de trauma, na Zona Oeste, para desafogar os leitos do Walfredo Gurgel. A outra proposta foi dada pelo deputado estadual, do PHS, Fábio Dantas, que seria a demolição do estádio, para a criação de uma grande área de lazer para o bairro. As sugestões já foram discutidas pelo Ministério público, assembléia legislativa e governo do estado, porém, nenhuma ainda foi aprovada.
Para responder aos anseios e questionamentos dos aficionados pelo futebol local, surge um dos principais personagens desse caso, a federação de futebol do Rio Grande do Norte. Sobre as possibilidades envolvendo o estádio, conversei com o diretor de projetos da entidade, Venâncio Trindade: “estamos a par de tudo isso, mas é preciso salientar que, não somos os proprietários do terreno, ele pertence ao governo do estado, portanto, eles dispõem do estádio da maneira que acharem melhor. Todavia, afirmo que fizemos propostas a governadora do estado, Rosalba Ciarlini, no intuito de revitalizar o Juvenal Lamartine. Inclusive, o nosso presidente, José Vanildo, preparou uma maquete de como seria o futuro JL, depois de uma reestruturação. Quero deixar bem claro que somos contra a destruição de um patrimônio histórico, como é o Juvenal Lamartine", afirma Trindade.
De acordo com a assessoria da governadoria, novos debates serão realizados, nos meses de junho ou julho, acerca do imbróglio envolvendo o JL. Enquanto aguardamos as discussões e trâmites legais, tentemos nos lembrar daquilo que mais adoramos esquecer, nossos ídolos e nossa história.
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