Por Myllena de Pontes
Em
meio ao antigo e histórico bairro da Ribeira, encontramos um prédio de três
andares na Rua Chile, onde funciona o EDTAM (Escola de dança do Teatro Alberto
Maranhão), a casa dos bailarinos potiguares. Fundada em 1985 pelos professores Carmem Borges e Edson
Claro, a escola oferece os cursos de Ballet Clássico, Dança
contemporânea e popular. Além das aulas, o EDTAM conta
com grupos que representam a escola, entre eles o Grupo Infanto-Juvenil, Grupo
Clássico e a Cia TAM.
Atualmente,
existem cerca 500 alunos, a maioria oriunda de bairros
populares. Um dos principais objetivos da escola é oferecer oportunidades de
aproximação com a arte da dança a
crianças e adolescentes. A escola vem se destacando como escola de referência
no Estado, buscando cada vez mais a qualidade e o aperfeiçoamento técnico e
artístico.
O EDTAM está vinculado a Fundação
José Augusto, órgão responsável pela política cultural do Governo do Estado do
Rio Grande do Norte. Segundo a Diretora Administrativa, Solange de Freitas, o
governo mantém as despesas dos prédios e alguns professores e funcionários.
“Apesar de o governo manter a escola, existem muitos problemas físicos. Há 14
anos o prédio não passa por reformas, e precisamos de melhorias estruturais”,
diz Freitas.
Para ingressar na escola, os
interessados passam por uma avaliação física no mês de Outubro de cada ano. Os selecionados
pagam mensalmente uma taxa simbólica. O aluno Rafael da Silva Costa é novo na
“casa” (termo utilizada para se referir a escola), com apenas quatro meses de
aulas. “Minha experiência está sendo muito produtiva. O EDTAM representa uma
porta para alcançar meus objetivos lá fora”, comenta o aluno.
Com uma longa jornada na escola, a
bailarina Meyriane Gonçalves, 18 anos, já possui uma grande bagagem de
conquistas. Ela e sua irmã gêmea, Meyrielle Gonçalves, passaram oito anos no
EDTAM. Em 2011 Meyriane passou na audição para a Escola Bolshoi, em Joinville,
Santa Catarina. “O EDTAM não é simplesmente uma escola de ballet. Foi lá que as
portas se abriram pra mim e onde tive todas as oportunidades que uma bailarina
pode ter. A escola não me ensinou apenas a dançar, e sim sentir a dança com a
alma”, afirmou Meyriane, que hoje mora em Joinville com sua irmã.
Todos os anos, a escola participa de
festivais em diversos países, entre eles Alemanha, Suíça e Estados Unidos.
Durante esses eventos, alguns alunos solistas conseguem bolsas de estudos em
outras escolas. “Nos festivais, há professores de diversas escolas e países.
Eles funcionam como 'olheiros' e indicam esses alunos para concorrerem a bolsas”,
explica Solange de Freitas. Num desses eventos o bailarino Breno Luceno
participou da audição YAGP (Youth America Grand Prix) e irá estudar em Nova
York. “É difícil, soei muito pra chegar aqui e ainda vou suar bastante. Sempre
tive o apoio da minha mãe e não estou nem aí para o que pensam, eu gosto do que
faço”, disse Breno.
Apesar da grande demanda de alunos
interessados, há uma grande déficit em relação ao apoio e valorização do espaço
e dos profissionais. “Muitas pessoas veem a dança como diversão, não enxergam
que é uma profissão como outra qualquer. Gostaria muito que houvessem audições
no nosso estado para que os bailarinos sejam remunerados”, disse a professora
Wanie Rose.
Ao participar de eventos e ganhar bolsas, os alunos aprendem e
observam o fazer artístico de outros profissionais. Os prêmios recebidos são
consequência de um grande trabalho desenvolvido por bailarinos, professores e
diretores do EDTAM. E para conseguir êxitos nos resultados, todos os alunos são
unânimes: É preciso respeito, compromisso, disciplina e muito amor a dança.
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